O resgate de um legado artístico

Conheça a história do ateliê João Turin, iniciativa que mantém viva a obra do maior representante da arte animalista brasileira

 

Quem vê, pela primeira vez, uma escultura feita pelo artista paranaense João Turin (1878-1949) não imagina toda a história que ela carrega.  Também não faz ideia que, apesar de ter vivido entre o fim do século XIX e início do século XX, Turin faleceu sem ver a maioria das suas criações fundidas em bronze. A sua obra hoje é conhecida do grande público graças ao trabalho atual realizado pelo ateliê João Turin, iniciativa privada criada especialmente para resgatar a obra do artista.

Esta é a primeira vez que um projeto tão audacioso como este foi colocado em prática: equipes especializadas cuidaram do inventário, restauro, catálogo e levantamento histórico, enquanto outras cuidaram da fotografia, elaboração de livro, fundição e exposições. Para se ter uma ideia da magnitude do trabalho realizado, das 360 obras deixadas por Turin, entre esculturas e baixos-relevos, quase 80% não haviam sido fundidas. Atualmente, a fundição artística montada especialmente para executar as obras do escultor, altamente tecnológica e ambientalmente correta, continua fundindo modelos ainda inéditos, sempre em tiragens limitadas.

A primeira grande exposição realizada após este trabalho de resgate foi aberta ao público em 2014 no “Olho”, salão nobre do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. A mostra intitulada ‘João Turin – Vida, Obra, Arte’, que contou com a curadoria do historiador e crítico de arte José Roberto Teixeira Leite, bateu recorde de visitação, com 266 mil pessoas, e foi premiada pela Associação Brasileira de Críticos de Arte – ABCA – como a melhor exposição de arte daquele ano, em todo o país. Em 2015, a exposição seguiu para o Rio de Janeiro e tomou lugar no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Recentemente, a exposição ‘João Turin – escultor’ montada na Pinacoteca do Estado de São Paulo, um dos mais importantes museus do país, recebeu 53 mil visitantes.

Além da exposição, a história do artista é contada no livro biográfico ‘João Turin – Vida, Obra, Arte’, escrito por Teixeira Leite, e que também foi premiado pela ABCA como o melhor livro de arte de 2014.

O crescente interesse pelo legado de Turin levou o ateliê a disponibilizar uma seleção de obras aos profissionais da arquitetura e decoração para que estes componham seus projetos, ultrapassando assim as paredes dos museus e ganhando espaço nas mostras e eventos do segmento. Em 2015, o artista foi homenageado com um espaço exclusivo na Casa Cor Paraná pela arquiteta Yara Mendes. Na edição de 2016, mais uma vez João Turin é destaque na Casa Cor Paraná, desta vez com duas de suas principais obras compondo o living principal da mostra, assinado pelo arquiteto Ivan Wodzinsky: os felinos ‘Luar do Sertão’ e ‘Tigre esmagando a cobra’.

Sobre o artista: Filho de imigrantes italianos, nascido em Porto de Cima, Morretes/PR, João Turin formou-se na Académie Royale des Beaux Arts de Bruxelas, graças a uma bolsa de aperfeiçoamento recebida do governo paranaense. Depois de formado seguiu para Paris, onde permaneceu durante uma década, apesar das dificuldades, e foi contemporâneo de Auguste Rodin, Picasso, Jean Cocteau, Victor Brecheret, entre outros. Voltou ao Brasil na década de 20 e optou em estabelecer-se em Curitiba, onde viveu os anos mais produtivos da sua carreira e permaneceu até sua morte, em 1949.

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