FOLHA DA MULHER – COLUNA KATIA VELO – MAIO 2016

O PROCESSO CRIATIVO
Para um artista, uma das maiores dificuldades é o momento da criação. Muito diferente do que se pensa, não é apenas uma inspiração.  Na realidade é muito trabalho. É um processo, assim como da gestação ao parto. Não cataloguei meus quadros, mas já participei de mais 100 exposições coletivas e 15 individuais. Portanto, já fiz mais de 150 obras, no mínimo. A minha obra prima é minha única filha, Gabriele Velo. A experiência de ser mãe e algo divino!
MÃE CONTEMPORÂNEA
Infelizmente, já não se dá tanta importância à maternidade. Dias destes, durante minha aula de Arte, comentava sobre a inversão de papeis em nossa Sociedade. Destacava que a ascensão social, política e econômica da mulher é um fator essencial para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária.  Em determinado momento, uma aluna disse que achava um absurdo uma mulher ficar em casa cuidando de filhos. Destaquei a minha opinião: Ser mãe é o trabalho mais bonito e edificante que existe.
A MULHER NO TEMPO DAS CAVERNAS
Através da Arte Pré-histórica, descobrimos esculturas de figuras femininas, como a Vênus de Laussel, cujas formas arredondadas representavam o símbolo da fecundidade. A mulher era vista como mágica e sagrada, já que tinha o poder de procriar.  De lá para cá, muitas mudanças aconteceram, mas a mulher continua tendo a capacidade de ter filhos e ainda a opção de não tê-los.
A MORTE DA MÃE
Pouquíssimas pessoas sabem, mas perdi a minha mãe biológica aos 9 anos em um trágico acidente de carro. E eu estava presente e a vi morrendo. Foram os anos mais difíceis que já passei em minha vida. Todos os dias, eu lia a Bíblia e chorava, mesmo sem entender direito, acreditava que poderia me ajudar. Ao dormir, sonhava que minha mãe voltava. É mesmo muito duro para uma criança perder a mãe, pois toda a família, na maioria das vezes, fica desestruturada. Meu pai nunca mais se recuperou. Se eu fosse contar aqui tudo o que passei, teria que escrever um livro. Como no teatro, fui da tragédia à comédia, encontrei a minha fada madrinha, a minha amada, o meu Anjo da Guarda, minha mãe de alma e coração. Felizmente, apesar do sofrimento e do trauma, não me tornei uma pessoa rancorosa ou amarga. Ao contrário, sou grata e feliz por tudo o que sou e o que tenho. Perdi minha mãe biológica que era maravilhosa, mas fui adotada pela mãe mais bondosa do mundo!
SER MÃE
Talvez pela minha história de vida, ser mãe para mim é algo sagrado. Escolhi o melhor momento, a pessoa especial e a saúde perfeita para me tornar mãe. Quando aquele teste de farmácia deu positivo, eu fiquei enlouquecida de felicidade, mas guardei total segredo. Depois da confirmação do teste oficial quase não conseguia esconder a minha felicidade, já que queria fazer uma grande surpresa. No Natal, quando meu marido abriu um lindo pacote cuidadosamente embrulhado e viu um par de sapatinhos de bebê , ele simplesmente ficou afônico. Foi uma festa na família, já que estava casada há cinco anos.
Minha gravidez foi maravilhosa, sentia-me tão bem, tão bem, era pura energia! Apenas para dormir que o barrigão atrapalhava. Fiz tudo o que uma mãe pode fazer, preparei o quarto, meu marido e eu fizemos curso para gestante e bebê. Praticava caminhadas, hidroginástica, frequentava o Clube próximo de casa. Meus alunos faziam apostas para saber se seria menino ou menina. Indicavam nomes, uma folia! Quando completei 34 semanas, durante a madrugada, senti um ligeiro mal estar. Avisei meu marido, mas como sempre ele recorria aos manuais do curso que havíamos feito. Eu ficava com tanta raiva que tinha vontade de rasgar tudo! Ele leu e disse-me “Alarme falso”. Fiquei andando de um lado para o outro, esperando a dor dilacerante passar. De manhã, ao acordar meu marido ficou espantado ao perceber que não havia dormido. Saímos em disparada à Maternidade Santa Joana.  Às 11h31,  minha filha nasceu de parto normal com a presença do meu marido e o parto realizado pelo meu ginecologista de confiança.  Confesso! A dor do parto é a pior dor que já senti, mas é uma dor que se esquece. Incrível! Não tenho nenhuma lembrança ruim deste momento.  Já no quarto, estava ansiosa a espera de uma linda menininha. De repente, uma enfermeira me aparece com um bebê feinho e com o rosto meio peludo (devido à precocidade ainda não havia perdido os pelos). Olhei para o meu marido e nem precisei dizer nada, pois o meu olhar dizia tudo! Ele calmamente respondeu: “É ela sim!” Hoje minha filha é minha felicidade, minha amiga, companheira, meu tudo. E lógico, como mãe coruja, tenho que dizer “Ela é linda!”. Acredito que ser mãe é de fato o ato mais importante da vida de uma mulher. Mas, o processo de criar é algo muito pessoal, portanto, há infinitas formas. O mais importante é ser feliz!

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