ENTREVISTA – MARIA RAFART

Psicóloga, mestre em Psicologia Forense, advogada e apresentadora dos programas Light News e Fale com Maria.

Katia Velo – O seu programa “FALE COM MARIA” está há doze anos no ar. Vivemos em um momento em que tudo é fugaz.  Como consegue manter o sucesso?

Maria Rafart – Cultura e bom humor mostraram ser uma fórmula vencedora, as pessoas gostam de leveza e de conteúdo. Creio que isto faz a longevidade do programa, pois ao contrário do que muitos creem, as pessoas gostam de pensar.

KV – Durante este período, houve alguma mudança significativa no formato do programa?

MF – Desde que assumi o programa quis formatar mais cultura do que conteúdo factual, por isso, a introdução de temas como história e filosofia de forma continuada fizeram muita diferença.

KV – Algumas vezes, os temas são densos e mesmo assim o programa acontece de forma descontraída e cordial. Você tem algumas táticas ou o melhor é usar o jogo de cintura?

MF – Eu sou bem humorada no cotidiano, e como na rádio sou eu mesma, a descontração fica sendo natural. Algo que faço, e que incomoda algumas pessoas, é interromper o convidado com pontuações bem humoradas; na vida real faço isso bem menos até porque não costumo interromper, mas a linguagem radiofônica exige dinamismo. Um discurso denso e monocórdio dá sono; um discurso denso e bem humorado desperta curiosidade.

KV – Quais as diferenças entre um programa de Rádio e o de TV?

MF – Basicamente com na TV convivo com mais pessoas para que o programa dê certo. Na rádio somos a Deborah Fertonani e eu. O conteúdo da TV é mais leve propositalmente, pois o público também é diferente.

KV – O lado profissional da apresentadora e radialista é muito diferente da psicóloga?

MF – Como psicóloga não sou tão impositiva quanto soa na rádio; lá é muita brincadeira, com discussões e “zoações” no estúdio que a gente não tem na realidade, só no ar… Como psicóloga acolho muito as diferenças, pois é para isto que eu estou no meu consultório. Meus pacientes têm o meu total respeito neste sentido. Atendo, por exemplo, muitos casos de pessoas abusadas sexualmente por familiares na infância, meu Mestrado é nesta área. Não tem como agir sem o máximo de profissionalismo e acolhimento.

KV – O seu programa difere-se pelos profissionais convidados e pelos temas abordados. É um programa que privilegia uma classe mais exigente de ouvintes?

MF – Não, em absoluto! Há um ecletismo gigante na escuta: crianças, adultos, pessoas com mais e menos instrução, diferentes níveis de erudição e socioeconômico também…. mas quem disse que falar de forma adequada com conceitos edificantes seja algo distante das pessoas? Basta usar as palavras certas.

KV– Como consegue separar o lado pessoal do profissional entre os participantes já que muitos são amigos pessoais? Ou isto contribui?

MF – Quem participa vira amigo porque o principal requisito é ser gente boa (risos). CB (sangue bom – risos). Se não é gente boa, não chamo porque não preciso me incomodar. E se é gente boa, vira amigo automaticamente…

KV – Você com o seu jeito espontâneo e sendo extremamente sincera já se viu em alguma “saia justa”?

MF – Saia justa, fora as que eu uso, não… (risos), provavelmente porque, mesmo sendo sincera, como você diz (às vezes nem tanto) tomo cuidado para não ser grosseira. Jamais ofenderia um participante, porque para rir tenho várias piadas no repertório, não preciso rebaixar pessoas. Perguntei, por exemplo, ao então Governador Requião sobre o episódio famoso da mamona. Ele me respondeu (de forma cordata e sem grosserias) a resposta que lhe foi conveniente, e eu aceitei a resposta. Se foi verdade ou não, deixei a cargo do ouvinte julgar. Não cabia a mim nem eximir-me da pergunta, nem atacá-lo discordando de sua resposta.

KV – Você acredita que, de alguma forma, através dos programas e dos convidados tão especiais, contribui de alguma maneira para o equilíbrio psicológico da nossa sociedade.

MF – Não chega a tanto, mas alguns feedbacks que recebo ao longo desta história me mostraram que algumas pessoas agradecem a forma como o programa tocou suas vidas.

KV – Quais são seus planos para o futuro?

MF – Viver até ver a formatura da minha filha e conviver com meus netos e bisnetos e tataranetos até a formatura deles (risos).

 

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