Foto: Evinha Brito
Katia Godoi Velo, artista plástica, professora de arte, colunista cultural, curadora, fotógrafa e ensaísta. Casada com Itamar Velo e uma filha Gabriele Velo. Hoje vamos conhecer um pouco mais da história da artista plástica Katia Velo. “Nasci em São Paulo, capital. Em 2003 vim para São José por escolha, pois poderia ter morado em Curitiba, mas me apaixonei pela cidade. Vim acompanhando o meu marido que veio trabalhar em uma empresa na cidade. Deixei um emprego onde ganhava bem, em uma empresa de importação de aeronaves e pedi exoneração (era professora efetiva do Governo do Estado de São Paulo onde lecionei por 10 anos). Meu marido e eu procurávamos melhor qualidade de vida, principalmente por causa da nossa filha, na época com cinco anos. Felizmente, fiz amigos queridos aqui como a diretora do Portal VRNews, Vera Rosa.”
Foto: Itamar velo
Amamos a cidade. Minha filha já é mais paranaense do que paulistana, inclusive na forma de falar. Meus amigos e parentes quando me visitam também gostam da cidade. Desde que cheguei aqui pensei em fazer algo para retribuir, colaborar, principalmente nas minhas áreas de atuação: educação e arte. Já fiz muito, inclusive voluntariamente. No entanto, ainda sinto na cidade uma valorização da herança familiar e importância em estabelecer vínculos políticos, portanto não me encaixo em nenhum deles.
Katia Velo durante Lançamento Crônica livro Lilith no Palacete dos Leões
Katia Velo durante Lançamento Crônica livro Lilith no Palacete dos Leões – Foto: Divulgação.
Conte um pouquinho sua trajetória de vida – infância e adolescência, desafios, conquistas, viagens inesquecíveis.
Nossa, se eu for contar mesmo um pouco, vou longe. Minha infância foi tranquila, tenho boas lembranças. Adorava brincar, andar de bicicleta e estudar. Adorava brincar de professora. Já na infância, sentia forte atração pelas cores, mas jamais havia pensado em ser artista plástica. Na adolescência tive momentos muito difíceis. Posso dizer que sofri bastante. No entanto, sou uma pessoa de muita sorte.
Quanto às conquistas, nunca fui ambiciosa, mas sempre trabalhei muito, até demais, por muito tempo, trabalhei em jornada dupla. Os desafios são muitos e diários, mas é tão bom quando conseguimos subir mais um degrau. O importante é sempre que subir, olhar para trás e ver para quem podemos estender as mãos. Vejo muito esta característica em você e a admiro por isto. As conquistas que tenho são muito marcantes, fico extremamente feliz, diria até em êxtase. E felizmente, tenho recebido significantes homenagens e premiações. Certamente, tenho muitas pessoas que colaboraram e colaboram (indireta ou diretamente) para que isto ocorra.
Viagem – Não sou uma pessoa consumista, os meus desejos de gastos mais altos estão ligados a viagens. Aprendi a amar viajar com o meu marido, mas também acho que isto é muito típico de paulistano. Quando se vive em um lugar tão agitado, tudo o que se quer quando temos um tempinho é encontrar um refúgio. Não digo só viagens internacionais, já tive a oportunidade de fazer muitas, mas em locais simples como uma praia distante ou uma casa de campo. As minhas viagens mais marcantes, estão sempre relacionadas a museus ou exposições de aristas aos quais tenho profunda admiração e são muitos.Qual é a sua visão da cidade de hoje e da cidade de antes?
Moro na cidade há quase doze anos e me pego reclamando das mesmas coisas que eu ficava espantada quando ouvia as pessoas dizerem “A cidade cresceu muito”, “Tem muito trânsito” e a que eu mais detestava “Ah, como era melhor antes”. São José dos Pinhais não é mais uma cidade dormitório, não é mais uma cidade pequena, não é mais uma cidade onde todo mundo se conhece, mas há uma forte resistência à mudança e ao mesmo tempo, acho que os são-joseenses não valorizam a cidade como deveriam. O pelo menos o discurso não corresponde à ação. Uma pessoa que em minha opinião valoriza muito a cidade e os seus moradores é você.
Como você eu também acho que a cidade precisa ser valorizada através dos seus moradores. A cidade merece mais, muito mais! Hoje vejo a cidade num ponto fundamental, ou ela irá crescer e tornar-se uma promissora metrópole, ou ficará desorganizada, com um índice cada vez maior de crimes e problemas estruturais e sociais. Estou jogando minhas fichas na 1ª hipótese.
Foto: Divulgação.
Quais são os pontos negativos do desenvolvimento de SJP e considera quais os pontos positivos?Os pontos negativos são a falta de planejamento, a falta de autoestima do povo são-joseense, a falta de segurança e a falta de esperança na cidade. Acho que isto se dá, pois ocorre um sentimento do tipo “primo pobre” devido à proximidade com Curitiba. Os pontos positivos são vários. A cidade tem tudo o que você precisa. Se tivesse segurança e ciclovias, poderia fazer tudo a pé ou de bicicleta. Isto é coisa que não tem preço. A limpeza da cidade é outra coisa agradável. Adoro andar por ai e olhar as casas antigas. Eu tinha inúmeras fotos das casas. A cidade tem muita história é preciso cultivá-la e preservá-la e a arte e cultura são o melhor meio para isto.É realizada profissionalmente? 
Não! Estou muito longe disto, quero muito mais. O que quero muito é colaborar para que os artistas paranaenses sejam mais reconhecidos. Conheço muitos artistas. Muitos deles são realmente muito bons, tanto na técnica quanto ao conhecimento no campo artístico. Todas as vezes que faço uma divulgação sobre alguma exposição ou algo similar de um artista, sinto-me bem! Este é o meu combustível. No entanto, a minha realização é acordar todos os dias e fazer exatamente o que eu amo. Escrever, lecionar, pintar, tudo isto me inspira. Mas, como qualquer trabalho, não é nada fácil. Tem dias que odeio o que pinto, escrevo e as minhas aulas. E, tem dias que acho que fiz um ótimo trabalho. E isto torna tudo um grande e constante desafio.
Katia durante entrevista com a apresentadora Vera Rosa
Katia durante entrevista com a apresentadora Vera Rosa – Foto: Evinha Britto
Em sua carreira, qual foi o seu maior desafio? E o mais gratificante?
Meus maiores desafios aparecem a cada nova exposição. É um verdadeiro parto e às vezes é fórceps. Quero muito pintar, desenhar, criar novas obras e isto envolve muito trabalho, mais do que inspiração. E a gratificação é a realização a cada exposição, em especial, as individuais. O vernissage é a coroação deste momento, quando vejo minhas obras nas paredes, os amigos olhando-as e comentando, os elogios, o grande apoio dos colegas jornalistas divulgando. É um momento mágico.Como você se define enquanto pessoa?
Nossa que pergunta difícil. Sinto que tenho um coração muito grande, sou incapaz de guardar rancor de alguém, simplesmente esqueço, amo a minha família acima de qualquer coisa e tenho um senso de justiça que toda hora me deixa indignada, pois vivemos num país que tudo parece estar de cabeça para baixo. A violência vai daí, poucos com muito, muitos com poucos. O honesto se dá mal, o desonesto bem. Embora tenha estas qualidades tenho um temperamento forte, não consigo segurar a língua e o meu sangue sempre esta em ebulição. Sou passional. Ao acordar meu pensamento é sempre tentar fazer alguma diferença positiva na vida de alguém. Afinal, algumas vezes uma única palavra, pode ajudar. Mas, há momentos que mal o dia começa e quero “esganar” certas pessoas. No entanto, antes de dormir agradeço e peço novamente que possa fazer algo de belo, bom e justo.
Quais características marcam mais a sua personalidade?
Sou inquieta, esforçada, trabalhadora, apaixonada por minha família, amante da arte, da natureza e dos animais.Se você pudesse mudar alguma coisa em você, o que seria?
Fisicamente não mudaria nada. Não porque acho que está tudo bem, mas o artista vê o feio e o belo de forma diferente. Não segue um “padrão”. Adoro tatuagens, tanto que assisto a programas sobre o tema. Mas, até agora, não tenho vontade de fazer em mim. A arte proporciona uma autoestima real e saudável. Mas, tem dias que acordo me olho no espelho e penso. O que é isto na minha frente!
Mentalmente estou eternamente em mudança. Questiono e observo tudo. A arte tem uma forte relação com a filosofia e acho que isto está em mim naturalmente. Tenho meus pensamentos, minhas convicções, mas não sou cabeça dura, se preciso, mudo. Pensar, refletir e sentir são ações naturais, faz parte da evolução humana.Deixe uma mensagem aos leitores do Portal.
Descubra o que te motiva, algo que não seja material, pois as coisas mais importantes de nossas vidas, geralmente não custam nada, mas não são de graça, é preciso empenho, dedicação e amor!

Katia Velo Exposição Minhas Cores
Katia Velo Exposição Minhas Cores – Foto: Evinha Britto