ENTREVISTA COM A GALERISTA ZILDA FRALETTI

Zilda Fraletti no acervo da Galeria de Arte Zilda Fraletti que comemora 30 anos.
Crédito: Thiago Rocha

Zilda Fraletti acaba de comemorar 30 anos da sua galeria que assina com seu nome. Influenciada pelo pai que valorizava arte e por sua vivencia em Londres, Zilda tem desenvolvido um trabalho primoroso, tornando sua galeria referência no cenário paranaense de arte. Um dos seus objetivos  é estreitar o caminho entre o artista e o público, pois acredita que isto contribui para uma vida melhor. Confira um pouco de sua trajetória, na entrevista a seguir.

 

KATIA VELO – Quando e como surgiu o seu interesse pela arte?

ZILDA FRALETTI– Sempre convivi com arte, inicialmente através de familiares. Meu pai, que era psiquiatra, valorizava muito a arte como terapia e sempre tivemos muitas obras em casa. Em 1978, quando fui morar com meus tios em Londres, eles me levavam a todas as exposições importantes. Lá convivi com vários artistas, como o Zimmermann e o Juarez Machado. Nesta época me apaixonei por arte e passei a visitar todas as exposições que podia e a viajar com o objetivo de visitar museus. Ainda hoje, organizo minhas viagens com este objetivo.

 

KV – Qual foi seu principal objetivo ao criar a galeria que assina com o seu nome?

ZF – Desde o inicio eu queria ter um trabalho que aproximasse as pessoas dos artistas com o intuito de diminuir a distância que geralmente existe entre eles. Muitas pessoas têm certo receio de entrar em museus e galerias, de não saber conversar a respeito das obras, e por isto se afastam. Se a arte está mais próxima, as pessoas começam a se envolver e interessar, percebendo que ela torna a vida muito melhor.

 

KV– Muitos artistas já devem ter participado da sua galeria. Quais características o trabalho do artista plástico, escultor, fotógrafo devem ter para poder participar da sua galeria.

ZF – Trabalhei com muitos artistas já consagrados e outros tantos em início de carreira e em todos o que mais importa é a qualidade do trabalho, comprometimento, seriedade e dedicação.

 

KV – O mercado de arte tem uma forma de avaliar seu produto diferentemente de outros. É difícil estabelecer esta relação preço/produto/mercado?

ZF – O mercado de arte tem suas particularidades e é muito regido pelas emoções, mas no final valem algumas leis que regem o mercado em geral.

 

KV – Exatamente por ser um produto diferenciado e caro, há um mercado paralelo de falsificações e roubo, como é possível certificar-se da autenticidade de uma obra de arte.

ZF – Há muitas formas de tentar descobrir uma falsificação. Pesquisar a origem, os proprietários, restaurações, são uma parte. Existem técnicas para saber se o material é novo ou antigo, se as pinceladas coincidem com as que o artista usa ou usava, por exemplo. E quando se fala em obras de grandes artistas, há técnicas como o exame de camadas de tinta, verniz, exame de luz ultravioleta, infravermelha, Raios-X, entre outras.

 

KV– O mercado de arte no Paraná é muito diferente do eixo Rio/São Paulo?

ZF – Acredito que sim. Aqui o mercado é bem mais tímido e envolve valores muito menores. São Paulo e Rio são metrópoles, a diversidade é enorme, e há maior abertura a diferentes linguagens.

 

KV– Como você observa o desenvolvimento de arte no Brasil em relação a lugares que são referência como Alemanha, França, Itália, Estados Unidos entre outros?

ZF– A arte brasileira tem tido mais visibilidade, vemos obras expostas nos mais importantes espaços ao redor do mundo, o que é bastante importante, mas isto parece acontecer basicamente com os maiores nomes, e não sei se podemos dizer que isto traz boas consequências ao nosso meio artístico. O que me parece bom é o intercâmbio, a possibilidade de vermos arte produzida em outros países.

 

KV – Recentemente você visitou a 31 a. Bienal de SP. O que achou desta edição?

ZF – Gostei de poucas obras nesta Bienal. Mas, o que me chamou mais a atenção é que as obras não “conversam” com o público, não se vê as pessoas admirando, interessadas ou envolvidas com as obras. É preciso que alguém nos explique o que o artista quer dizer, que se leia algo para entender determinadas obras. Acho que arte deve comunicar sem precisar disto.  Por outro lado, não se pode negar que esta Bienal retrata o mundo atual.

 

KV– A abertura da exposição comemorativa aos 30anos foi um grande sucesso. Descreva um pouco mais sobre este importante evento.

ZF– Comemorar 30 anos de atividades no mercado de arte está sendo muito emocionante! Me faz sentir que já tenho uma trajetória, uma história que envolveu muitos artistas, muitos clientes, muitos sonhos – alguns realizados, outros frustrados. Mas mesmo os projetos que não tiveram sucesso serviram para me ensinar, corrigir a rota, buscar novos caminhos.

Ter organizado cursos de arte contemporânea, escrever a coluna de arte na revista virtual Lush, fazer parcerias para expor os artistas em locais fora da galeria, foram atividades que me deram a sensação de ajudar algumas pessoas a ter mais acesso a informações sobre arte.

 

KV– Quais são seus objetivos para o futuro?

ZF – Katia, acho que no futuro quero fazer o mesmo que faço agora, adaptando a galeria aos tempos que vierem, mas sempre trabalhando com artistas sérios, comprometidos com seu trabalho, que eu admiro e tenho alegria de mostrar e acompanhar.

 

Galeria Zilda Fraletti

Avenida do Batel, 1750 / Loja 8, 10 e 12 – Batel – Shopping Design Center

Curitiba / PR

Telefone: (41) 3026-5999

Site: www.galeriazildafraletti.com.br

 

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