Crimes e histórias de presos contados em livro-reportagem

Daiane Andrade
Crédito: Divulgação

 

Fragmentos de vidas de pessoas que cumprem pena no Paraná são retratados no livro-reportagem “A Trajetória dos Condenados -Rememórias”, dos jornalistas Daiane Andrade e Jessé Henrique, lançado pela Editora Ithala, de Curitiba. Nas 264 páginas, quatro presos relatam, ou melhor, rememorizam suas trajetórias dentro e fora da prisão. As emoções, motivações, atitudes, erros, convicções, arrependimentos, dúvidas e certezas do passado e presente dos detentos são contados na obra pelos repórteres que passaram meses participando da rotina dos personagens título em 12 encontros no sistema prisional do Paraná.

Maurício Kuehne, ex-diretor geral do Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça e ex-diretor do Departamento de Execução Penal do Paraná, que assina o prefácio do livro, lembra que “os então acadêmicos buscavam o viés ainda inexplorado de um dos temas mais comuns do cotidiano, trazendo à tona a vida humana por detrás da figura do bandido”. A professora Maura Oliveira Martins, coordenadora do curso de jornalismo da UniBrasil, que faz a apresentação do livro, coloca que os autores demonstraram domínio pelas técnicas do jornalismo literário ao relatar as visões dos presos.

Visão dos autores

Daiane acredita que a obra traz um viés bastante interessante, que é o ponto de vista do preso a respeito de si próprio. “É essa a utilidade do livro, pois essas pessoas nunca ganham espaço na mídia como personagens. Sabe aquela pergunta retórica que sempre surge quando discutimos um caso de crime: o que leva uma pessoa a fazer isso?”, destaca. De acordo com ela, “o livro é uma oportunidade de sabermos quem são esses quatro presidiários e o que os levou ao crime. Para isso, no entanto, a obra parte do que os personagens reconhecem como sua verdade pessoal – são as histórias deles contadas por eles mesmos, sob a sua ótica, com detalhes interessantíssimos sobre, por exemplo, os meandros de uma fuga ou as suas conquistas amorosas”, conta.

Jessé coloca que o livro cumpriu seu papel de “dar voz” a quem se autofabula, a quem consegue contar a própria história. “No caso, os presos eram personagens que contavam as histórias que pertenciam a um universo particular de seu pensamento naquela ocasião. Abriu-se mão do que conhecemos por real. A realidade acabou por tornar-se, no livro, sem qualquer importância para a obra, e esta, a meu ver, é a maior característica da obra”, argumenta.

Os autores afirmam que seguiram todas as premissas da atividade jornalística e deixaram que a própria narração do entrevistado tomasse a dimensão de se insinuar para o leitor sobre os limites do que era real e o que era ficção. “Cabe ao leitor julgar cada história, competiu a nós, autores, tentar fazer com que as histórias fossem assimiladas, transcritas, da forma mais fiel possível ao relato que nos foi contado pelos entrevistados”, destacam os jornalistas.

Premiado em 2013, na categoria Relevância Social do Prêmio Sangue Novo do Jornalismo Paranaense, “o livro é uma ferramenta complexa que convida o leitor a refletir sobre a capacidade humana para agir, em qualquer direção”, observa Eliane Peçanha, da Editora Ithala.

Ficha técnica
Título: “A Trajetória dos Condenados – Rememórias”
Autores: Jornalistas Daiane Andrade e Jessé Henrique
Apresentação: professora Maura Oliveira Martins
Editora Ithala
Páginas: 264
Preço sugerido: R$ 48,70
ISBN: 978-85-61868-60-4

Autores

Daiane Andrade – nasceu em Curitiba (PR), em 1982. Jornalista formada pela UniBrasil, começou a carreira em uma emissora de rádio comunitária e também em assessorias de imprensa. Atualmente é repórter na rádio BandNews FM Curitiba. Em 2011, venceu o prêmio Sangue Novo, do Sindicato dos Jornalistas do Paraná- Sindijor, nas categorias Reportagem de Rádio e Radiojornal Laboratório. Em 2013, ao lado do colega e coautor deste livro, Jessé Henrique, foi novamente contemplada pela premiação, na categoria Relevância Social. “A Trajetória dos Condenados -Rememórias” é seu primeiro livro.

Jessé Henrique – é curitibano e desde a infância demonstra o gosto pela escrita. O interesse do autor começou aos 9 anos, quando ele resolveu manusear a pequena Olivetti Lettera 82, trazida para casa pelo pai. Influenciado por grandes nomes do jornalismo como Gay Talese, Joseph Mitchell e Daniel Pearl, Henrique procurou aplicar em suas obras a mesma vida que sentia nos textos que lia. Formou-se em jornalismo pela UniBrasil em 2012, passou pelo veículo Gazeta do Povo e ganhou prêmios do Sindijor nas modalidades jornal e reportagem para rádio.

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