Ave Lola democratiza acesso ao teatro por meio do “pague quanto vale”

Nas apresentações da trupe, que também aceita divulgação como forma de pagamento, o espectador escolhe o valor do ingresso

 

 

Democratização do acesso à arte. Esse é o objetivo da Trupe de Teatro Ave Lola, de Curitiba, ao adotar a política do Pague Quanto Vale para todos os dias de apresentação do espetáculo Nuon, que segue em temporada na capital paranaense até o dia 1º de maio. O sistema consiste em deixar que, ao final do espetáculo, o público contribua com o que pode ou deseja pagar pelo trabalho exibido.

 

“Essa iniciativa tem servido a alguns fins. O principal deles é dar ao público a condição de ver o espetáculo, independentemente de suas possibilidades financeiras. Antes da apresentação, explicamos que o pagamento pode ser feito de inúmeras maneiras. Aqueles que sentem que a peça vale mais do que podem pagar, são convidados a contribuir na divulgação e na difusão da obra entre os amigos”, conta a diretora do grupo, Ana Rosa Tezza.

 

Outro grande objetivo do Pague Quando Vale é promover ao público a oportunidade de reflexão sobre o valor da obra teatral e da manutenção de uma pesquisa contínua. “Queremos estimular as pessoas a valorarem as atividades artísticas e instigá-las a uma reflexão importante para o amadurecimento da sociedade e a valorização da cultura”, acrescenta a diretora.

 

“O que custa e quanto vale ter na paisagem artística da cidade de Curitiba uma trupe e um espaço independentes?”, provoca Ana. Segundo ela, essa simples pergunta pode levar a questões ainda mais profundas, tais como porque se faz necessário manter grupos independentes de arte na cidade, qual o seu papel e qual a responsabilidade da sociedade civil no desenvolvimento desses espaços e grupos. “Esperamos todos vocês em nosso espaço, para se divertirem e nos ajudarem a buscar essas repostas”, convida ela.

 

Nuon

 

O espetáculo Nuon é apresentado todas as quintas e sextas-feiras, às 20h, e sábados e domingos, às 19h, no Ave Lola Espaço de Criação (Rua Portugal, 339 – São Francisco). A peça traz ao palco a temática dos refugiados de guerra, tendo como pano de fundo o assassinato em massa promovido pelo regime do Khmer Vermelho no Camboja, durante a década de 70. A história, inspirada em fatos vividos há cerca de 40 anos, se mantém atual diante dos conflitos e dificuldades que hoje assolam outros países, como Síria, Afeganistão e Sudão.

 

A história acontece em uma única noite, durante uma celebração em que no mundo budista os ancestrais são homenageados. Personagens que viveram sob o regime cruel do Khmer Vermelho voltam para revisitar sua terra e suas memórias. Em especial, a peça gira em torno da personagem inspirada em Phaly Nuon, cambojana que se dedicou a salvar outras mulheres dos traumas físicos e emocionais gerados pela tortura, fome e outras mazelas dos campos de trabalhos forçados.

 

Outro destaque da Ave Lola é a gastronomia, sempre presente nas atividades do grupo. Um delicioso prato cambojano é servido na cozinha do espaço, antes e depois das apresentações, incluindo uma versão vegana.

 

Fotos: Maringas Maciel.

 

SERVIÇO

Espetáculo Nuon

De 7 de abril a 1º de maio

Quintas e sextas: às 20h

Sábados e domingos: às 19h

Local: Ave Lola Espaço de Criação

End.: Rua Portugal, 339 – São Francisco

Ingressos: Pague Quanto Vale

 

FICHA TÉCNICA DO ESPETÁCULO

Gênero: Drama

Direção, dramaturgia e texto: Ana Rosa Tezza

Direção de produção: Ailén Roberto

Elenco: Evandro Santiago, Helena Tezza, Janine de Campos, Marcelo Rodrigues e Regina Bastos

Música: Mateus Ferrari

Músicos: Mateus Ferrari e Breno Monte Serrat

Plástica do personagem e máscaras: Maria Adélia

Iluminação: Beto Bruel e Rodrigo Ziolkowski

Figurino: Eduardo Giacomini

Cenário: Fernando Marés

Assistente de produção: Dara van Waalwijk van Doorn e Jamilsa Melo

Parceiro de trajetória: Mozart Machado

Cozinha Ave Lola: Laura Tezza

Criação do espetáculo: Ave Lola Trupe de Teatro

Realização: Ave Lola e as Meninas Produções Artísticas

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