Texto crítico sobre a obra de Sérgio Bello por Ricardo Fernandes

 

O artista plástico Sérgio Bello.
Fotos / Divulgação

Intérprete da Natureza

 

A natureza grita através de Eros e Gaia, grita através do sofrimento constante, sem choro, sem lágrimas e sem palavras, não mais suportando a falta de diálogo e entendimento.

Interpretar a natureza é poder estabelecer comunicação, permintindo que haja compreensão.  

Falar com a natureza é ouvir seus lamentos e interpretar através de linguagem, aquilo que podemos talvez considerar o seu último grito.

Mas o que grita a natureza? Quais são as reivindicações destes gritos silenciosos? Como estabelecer com a natureza uma comunicação efetiva, após vários séculos sem dar a ela o privilégio do diálogo?

 

Tal grito silencioso somente pode ser entendido através de um grande intérprete, somente pode ser ouvido por aqueles que tem o privilégio de observar, entender e sentir, traduzindo através da expressão artística aquilo que não conseguimos entender através das palavras.

 

Sérgio Bello (1952), intérprete da natureza através da arte, usa seu trabalho artístico para estabelecer diálogo entre a natureza e o Homem, transformando gritos e protestos em poesia compreensível através da cor.

É através da arte-protesto de Sérgio Bello que podemos perceber a expressão da natureza e finalmente compreender o que está ocorrendo entre nós, ignorantes destas revindicações de diálogo há tantos séculos.

 

As obras de Sérgio Bello – Gritos de Eros e Gritos da Terra, são mais do que uma expressão pessoal do artista, são a interpretação e a tradução da evolução do íntimo da natureza que vem reivindicando seu espaço através da sua dor e de seu grito silencioso.

O trabalho de Sérgio Bello transcede à comunicação humana e entra no ambito da comunicação espiritual, fazendo-nos entender que a arte é a única linguagem que pode estabelecer diálogo entre a natureza e o Homem.

 

Ícone da arte pernambucana em Paris e pioneiro da internacionalização da arte contemporânea brasileira, Sérgio Bello dá ao povo pernambucano o privilégio de poder apreciar um acervo emocionante, numa exposição histórica, que depassando o deleite visual, nos trás a interpretação do que grita a Terra e do que deve respeitar o Homem.

Ricardo Fernandes

Membro da AICA

Paris, agosto de 2012

Deixe um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*