Hospitais do Paraná destacam ações das instituições para enfrentar o novo coronavírus

 

O presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Estado do Paraná (Femipa) e do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Paraná (Sindipar), Flaviano Feu Ventorim, e os presidentes da Associação dos Hospitais do Paraná  (Ahopar), José Octávio da Silva Leme Neto, e da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar), Rangel da Silva, realizaram, nessa segunda-feira, 23 de março, uma coletiva de imprensa para falar sobre as medidas adotadas pelos hospitais no combate à pandemia de Covid-19.

De acordo com Ventorim, os hospitais têm, hoje, uma estrutura organizada de atendimento e estão mantendo uma boa rotina de trabalho. Porém, apesar disso, a preocupação agora é com os itens básicos de proteção individual, como máscaras e luvas, por exemplo. “Houve um consumo intenso, inclusive da população, e o estoque que tínhamos para alguns meses foi consumido em duas semanas. Por isso, estamos adotando medidas para controle, para sanear essas situações, colocando algumas travas importantes na hora de distribuição, para não faltar nenhum equipamento de proteção para aqueles que estão na linha de frente, que são os profissionais de saúde”, destacou. Ele lembrou, ainda, que é importante a população se conscientizar de que não deve comprar esses insumos sem necessidade, gerando um desabastecimento no mercado.

Para garantir o atendimento à população, as instituições têm adotado algumas orientações do Ministério da Saúde, como o cancelamento de cirurgias eletivas e atendimento ambulatorial eletivo. No momento, a indicação é atender somente urgência e emergência, e a exceção são os pacientes crônicos, que precisam de continuidade no tratamento.

Outra medida apontada por Ventorim foi com relação à proibição de visitas nos hospitais, pois há uma grande preocupação com os colaboradores envolvidos no dia a dia das instituições de Saúde. “Por orientação do Ministério da Saúde, cancelamos visitas para justamente limitar o número de pessoas dentro de um hospital. Precisamos evitar que pessoas que estejam com COVID-19 e não tenham sintoma entrem no hospital e contaminem os demais. Isso protege os colaboradores e também a população de modo geral. Ainda não estamos em um momento crítico e, por isso, queremos tomar medidas extremas agora para que possamos estar preparados em uma eventual necessidade, se a situação se agravar”, garantiu.

Leitos

Ventorim destacou que o Paraná tem, hoje, 15.191 leitos, sendo 10.805 do Sistema Único de Saúde (SUS). Desse total, são 2.022 leitos de UTIs adulto – 1.218 do SUS. Na avaliação dele, o Paraná tem uma boa relação de leito-paciente quando comparado aos números do Brasil. Também é importante reforçar que há a possibilidade de se transformar enfermarias em leitos de cuidado intensivo, mas isso vai depender da demanda e da logística de equipamentos e insumos.

Preocupações

De acordo com o presidente da Femipa e do Sindipar, Flaviano Feu Ventorim, a preocupação no momento é com relação a medidas duras que estão sendo tomadas por alguns municípios, como fechar limites da cidade ou paralisar o transporte coletivo. “Fechar os limites dificulta a entrega de materiais e insumos e também a logística dos colaboradores, pois sabemos que, no interior, é muito comum que os profissionais de Saúde trabalhem em diferentes cidades. Além disso, eles precisam de transporte para chegar até o trabalho. Nesse sentido, nossa sugestão é que os prefeitos tenham esse cuidado na hora de adotar medidas. Em Curitiba, por exemplo, houve redução de horários de transporte, mas não paralisação. Assim, conseguimos organizar a sistemática de chegada nos hospitais”, ressaltou.

Para melhorar esse cenário, a primeira indicação dos hospitais do Paraná é para que as pessoas fiquem realmente em casa. Segundo ele, essa medida ajuda a diminuir o contágio de COVID-19; protege dos males da sociedade contemporânea que exigem ida aos hospitais, como acidentes; e reduz a exposição das pessoas ao sarampo e à dengue, doenças que ainda estão circulando pelo Paraná. “São ações que ajudam a reduzir o volume de pessoas dentro dos hospitais, garantindo que sobre espaço para aqueles que realmente precisam. O grande risco que corremos no sistema de saúde é justamente a doença chegar de forma abrupta e atingir muitas pessoas de uma vez. Por isso as medidas de contenção são tão importantes. Também indicamos que haja uma forte campanha de vacinação contra a gripe. Assim, conseguimos tomar medidas mais rápidas de atendimento em pessoas vacinadas que apresentem sintomas, pois a H1N1 já pode ser descartada”, afirmou.

Novas demandas

Para se antecipar às demandas, Ventorim comentou que cada hospital está criando a sua forma de se estruturar e de planejar seus fluxos internos, organizando o fluxo de pessoas e separando pacientes com problemas respiratórios dos demais, por exemplo. Nesse cenário, ele reforçou que as instituições de Saúde têm contado com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e do governo do Estado. Uma das ações, por exemplo, foi buscar indústrias paranaenses que possam mudar sua linha de produção para atender às necessidades urgentes da saúde.

“Estamos tomando todas as medidas possíveis para proteger as pessoas. Talvez tenhamos que solicitar à população que fez estoques de materiais que traga esses produtos aos hospitais para que possamos proteger aqueles que estão na linha de frente, que estão envolvidos no atendimento ao doente. Há um esforço muito grande dos governantes para ajudar nesse momento difícil, e precisamos nos unir e olhar pelo outro”, reforçou.

Ainda sobre isso, José Octávio da Silva Leme Neto, presidente da Ahopar, salientou que os hospitais estão criando comitês de gestão de crise para discutir, diariamente, as ações e próximos passos. Ele reforçou que as entidades que representam o setor estão dando total apoio às instituições, inclusive na articulação com o governo e na troca de experiências.

Rangel da Silva, presidente da Fehospar, finalizou a coletiva, lembrando à imprensa que é preciso reforçar à população os protocolos de atendimento, pois esse é um momento de “combate à guerra e é preciso ter doentes nos lugares corretos”. “De acordo com o plano de contingência do Estado, cada macrorregional terá um hospital de referência e os demais serão de retaguarda”, completou.

Imagem: Divulgação

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