Entrevista SERGIO DA COSTA E SILVA

Sergio da Costa e Silva, idealizador do Programa Música no Museu, Advogado e Administrador de Empresas, Diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Foto: Divulgação

Matéria divulgada site antigo – 20/02/2011

http://www.guiasjp.com/opcoes.php?option=591&id_noticia=59097&id_canal=49

Sergio da Costa e Silva, Advogado e Administrador de Empresas, Diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro é idealizador e incentivador do Projeto Música no Museu como declarou “Meu sonho é ver o Projeto Música no Museu em todo o Brasil.”

Katia Velo – Como e quando surgiu sua afinidade com a música?

Sergio da Costa e Silva – Desde cedo meu pai me levava aos Concertos da Juventude no Teatro Municipal e eu ficava encantado com o Maestro Eleazar de Carvalho e a Orquestra Sinfônica. Paralelamente tinha aulas de canto orfeônico inicialmente no Instituto de Educação (primário) e depois no Colégio de Aplicação, o famoso CAP da Universidade do Brasil (depois UFRJ). Naquela época, a música, como matéria obrigatória no currículo escolar, servia de fundo para os nossos estudos. Toda a nossa geração conhece de cor os hinos brasileiros. Que bom que isto está de volta. É uma das grandes conquistas culturais do Brasil nos tempos atuais. Não me considero um especialista em música, mas sim um apreciador de música.

KV – A obrigatoriedade do ensino de música nas escolas (Lei n.º 11.769 – DOU, 19 de agosto de 2008) em sua opinião, poderá contribuir futuramente para a difusão e, principalmente, para despertar o prazer pela música?

SCS –Como já disse anteriormente, será um dos bons legados da gestão do Presidente Lula, baseado em um projeto do então Senador Saturnino Braga- um homem da música- que traz de volta o ensino obrigatório da música nas escolas.

KV- Projetos como do Instituto Baccarelli (o da Orquestra Sinfônica dentro da maior favela de São Paulo, a Heliópolis) e o El Sistema na Venezuela (que revelou ao mundo o Maestro Gustavo Dudamel) são exemplos do que bons projetos voltados à música podem fazer às pessoas carentes? Ou seja, a música pode mesmo modificar a vida das pessoas?

SCS – Claro e gostaria de introduzir Música no Museu nesta lista, pois a par de realizar concertos de qualidade, todos gratuitos, e desde a sua criação há mais de 13 anos, leva alunos de escolas públicas e privadas para assisti-los e, em seguida, visitar os museus e suas exposições. Música no Museu, entretanto, não é só isto porque paralelamente à organização dos concertos debate temas ligados a música no seu Seminário de Empreendedorismo na Área Musical e que já realiza há 4 anos e, além de outros temas, enfatizando as atividades pioneiras de música no interior do Rio de Janeiro onde as prefeituras de Paulo de Frontin, junto com a Fazenda Todos os Santos, Vassouras, Cabo Frio, Volta Redonda entre outras dedicam amplos espaços para a formação de músicos e desenvolvimento de orquestras.

KV – Apesar de todos os avanços tecnológicos, o rádio ainda é um veículo de comunicação muito usado e agora mais versátil e compacto como, por exemplo, em celulares. No entanto, a qualidade das músicas não acompanha esta versatilidade. É difícil alcançar nos meios de comunicação de massa um padrão de qualidade?

SCS – A Rádio MEC – aliás, parceira de Música no Museu-, a Rádio Roquete Pinto, por exemplo, contradizem esta sua afirmação. Existem trincheiras em prol da música de qualidade e que devemos enfatizar o esforço neste sentido.

KV – Como artista visual, gosto muito de assistir a filmes e em alguns deles a música, em minha opinião, foi abordada divinamente como exemplo em A Voz do Coração, O Pianista e O Segredo de Beethoven. Poderia indicar-me mais alguns?

SCS – O filme sobre Villa-Lobos e agora o Discurso do Rei, cotadíssimo para o Oscar e que na trilha sonora apresenta Mozart e Beethoven incluindo a sua sétima sinfonia.

KV – Como surgiu a ideia em participar do Projeto Música no Museu?

SCS – É uma idéia minha, mas copiada e adaptada, pois Música no Museu é a versão brasileira do que acontece nos mais representativos museus no mundo como Metropolitan, MoMA, Guggenhein (Nova Iorque), Louvre, Prado (Madrid), entre outros onde busca-se aliar, enaltecer e fortalecer as artes visuais e a música.
Na versão brasileira, Música no Museu é uma série de concertos gratuitos que busca privilegiar a música de boa qualidade, sem preocupações em classificá-la, da música medieval aos clássicos europeus, dos românticos aos impressionistas, dos modernos aos contemporâneos brasileiros, de Bach, Beethoven, Mozart e Debussy a Villa-Lobos, Chiquinha Gonzaga, Pixinguinha, Astor Piazzolla e Gershwin, todos já passaram pelos palcos de Música no Museu, na interpretação dos melhores solistas, grupos brasileiros e alguns internacionais, ou seja, uma missão quase impossível, oferecer espetáculos de alto nível artístico a custo zero mesclando nomes da expressão de Nelson Freire, Arnaldo Cohen, Artur Moreira Lima, Luiz Carlos de Moura Castro, Antonio Menezes, Paulo Moura, Clara Sverner, Miguel Proença, Yamandu Costa etc etc) com jovens talentos, estes representando 30% do total que hoje já supera 3.000 músicos. A estes jovens, aliás, dedica especial atenção promovendo um concurso já na 4ª. versão cujos vencedores vêm recebendo uma bolsa de U$105 mil da James Madison University, na Virginia- uma escola Stenway.

Dividido em temporadas anuais seguindo um calendário das estações, como Concertos de Verão (janeiro/março), Concertos de Outono (abril/junho), Concertos de Inverno (julho/setembro), Concertos de Primavera (setembro/novembro), além de Grandes Concertos de Natal (dezembro), nelas, mês a mês enfatiza um tema, principalmente as datas redondas de músicos consagrados, a Musica Antiga etc) ou naipes (cordas, sopros, pianos, voz, metais), mas aí partindo para iniciativas ousadas, mas já consagradas no panorama da musica clássica mundial: em maio, mês das harpas, o RioHarpFestival (já na sua 6ª.versão) e novembro, nos sopros, o Festival Internacional de Sopros (já na 2ª. versão) quando aqui acorrem músicos de grande prestigio internacional.

KV – O Projeto Música no Museu tem o apoio do MinC, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Este tipo de apoio é fundamental?

SCS – Claro. É a forma das empresas trocarem o seu imposto de renda (6% do que teriam de pagar) pelo estimulo de iniciativas culturais. Elas ganham duplamente porque deixam de pagar impostos e ligam os seus nomes a projetos culturais de grande apelo popular.

KV- Seria possível destacar nestes 13 anos um grande momento, ou um marco do Projeto Música no Museu?

SCS – A versão internacional já que desde 2004 vem varando fronteiras com concertos na Europa, America do Norte, África e Ásia e, entre outros, cidades da França, Portugal, República Tcheca, Nova Iorque, Washington (USA) Espanha, Índia, e, encerrando a temporada de 2010, no Carnegie Hall, em Nova Iorque. Para 2011, além da volta ao Carnegie Hall, estão previstos concertos em cidades de Portugal, Espanha, USA, além da Austrália, Irã e Siri Lanka e o grande desafio de uma apresentação na Torre Eiffel, em Paris. Esta versão internacional tem o apoio do Ministério das Relações Exteriores e das nossas Embaixadas nestes países.

Neste período também colecionamos prêmios e honrarias, Ordem do Mérito Cultural, honraria máxima da cultura brasileira, decreto do Presidente Lula assim como o Premio Urbanidades concedido pelo IAB e o titulo de Embaixador do Rio de Janeiro, da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro. Já em 2009 recebeu homenagens da Liga Israelita e a Medalha Henrique Gregory, do Museu Histórico Nacional, juntando-se ao Golfinho de Ouro e o Premio Cultura Viva, da UNESCO, Top of Business, Destaque de Turismo em Minas Gerais, inúmeras manifestações no Senado, Camada dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e a homologação do recorde de concertos pelo Rank Brasil, a versão brasileira do Guiness Book como a maior serie de música clássica do Brasil.

Além do mais o apoio dos músicos, da crítica, da mídia, dos diretores aos funcionários de todos os museus e espaços onde realizamos os concertos, das Secretarias de Cultura, do Secretario aos seus funcionários, do Ministério da Cultura, de seus vários ministros e equipes que acompanham o projeto desde 1997, enfim todos aqueles parceiros que fazem de Musica no Museu um marco na cultura brasileira.

KV – Quais são os projetos futuros para o Música no Museu?

SCS – Criar a Orquestra Musica no Museu Jovem. Já estamos nas tratativas e, se tudo correr bem, já em 2011 teremos os primeiros concertos.

Fora disto, tentaremos ampliar Musica no Museu pelas cidades brasileiras e consolidar a versão internacional incorporando novas cidades e novos países ao nosso roteiro. Pretendemos levar músicos e a música brasileira para o exterior.

MÚSICA NO MUSEU
Mais informações: www.musicanomuseu.com.br ou (21) 2253-8645

 

 

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