A ATUALIDADE DA FILOSOFIA: entrevista com o professor Jelson Oliveira, da PUCPR

JELSON ROBERTO DE OLIVEIRA

Professor de pós-graduação em filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Possui graduação e mestrado em filosofia pela UFPR e doutorado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com pesquisa sobre a amizade em Nietzsche. Autor de vários artigos e livros, entre eles: “Elogio à Simplicidade”, “Filosofia da Viagem”, “Sabedoria Prática”, “A Solidão como Virtude Moral em Nietzsche” e o mais recente, escrito em parceria com a professora Marcella Lopes Guimarães, “Diálogo sobre o tempo”.

 

KATIA VELO – Qual é a relação entre Arte e Filosofia, especialmente em Nietzsche, um dos pensadores mais citados por artistas e críticos de Arte.

 

JELSON OLIVEIRA – A Arte é tão importante para a Filosofia que foram poucos os pensadores que não trataram do assunto. Embora a “Estética” como uma Filosofia da Arte, ou seja, como uma área da Filosofia que estuda as questões da legitimidade da Arte, seja do século XVII, o tema já está presente em Platão (o último livro da República é muito conhecido por criticar os artistas) e Aristóteles (o livro da Poética, especialmente), só pra ficar com os dois fundadores da filosofia ocidental. O primeiro livro de Nietzsche, “O Nascimento da Tragédia”, segue a interpretação de Schopenhauer, para quem a arte era uma forma de comunicação das ideias e o artista, aquele que intui a verdade sobre o mundo e comunica através das formas artísticas. Schopenhauer criou uma hierarquia das artes, na qual a música exercia o papel mais importante, estando no topo da pirâmide e fazendo do músico, o filósofo por excelência, porque ele contempla a verdade mais essencial da existência, que Schopenhauer chamou de Vontade. Nietzsche falou da Tragédia como manifestação artística que demonstra o equilíbrio grego entre duas forças vitais, que ele associou a dois deuses: Apolo, o deus da luz, da medida e das artes plásticas; e Dionísio, o deus do vinho, da embriaguez, da orgia, da escuridão e da música. Equilibrar esses dois impulsos seria parte do processo de transformar a própria vida em uma obra de arte. Nietzsche foi amigo pessoal do músico Richard Wagner e associou o projeto wagneriano à ideia de renovação da cultura alemã. Mas a inauguração do Festival de Bayreuth, em 1876, foi o estopim para o rompimento da amizade: Wagner era aplaudido por muitos políticos da época, que representavam o que havia de mais atrasado em termos culturais (inclusive o antissemitismo que Nietzsche sempre desaprovou, apesar de seu nome ter sido ligado ao de Hitler, por causa de sua irmã Elisabeth). Nietzsche passa a formular uma crítica áspera a Wagner e ao Romantismo em geral, que aparece no seu livro de 1878, “Humano, demasiado humano”. O tema da arte nunca deixa de fazer parte de sua filosofia e entre 1883 e 1885 ele publica aquele que seria seu livro mais conhecido “Assim Falou Zaratustra”, que é um livro de filosofia escrito em língua poética. O recado parece muito simples: a Filosofia não pode viver sem a Arte e, mais, a Filosofia deve falar em linguagem artística, como fizeram os primeiros pensadores (que Heidegger chamaria de “pensadores originários”): Heráclito, Parmênides e os demais pré-socráticos escreveram em uma linguagem que nós poderíamos chamar de poética. Além disso, é importante notar que a análise da literatura e das artes plásticas tem contribuído muito para que a filosofia esclareça os seus temas: Merleau-Ponty, por exemplo, encontrou em Cézanne a fonte de muitas intuições de sua própria filosofia; Foucault escreveu sobre Velásquez e sobre Magritte… e por aí vai.

 

 

KV- A afirmação de Nietzsche sobre a “morte de Deus” causou (e ainda causa) grande estranhamento. Por que isto ainda ocorre.

 

JO – Há muita confusão sobre essa afirmação. É bom lembrar que esse tema não aparece apenas na obra de Nietzsche. Outros autores, entre os quais Hegel, já tinha falado sobre isso. Nietzsche, contudo, dá um contorno propriamente filosófico e ético ao problema. A análise do aforismo 125 do livro de 1882, “A Gaia Ciência”, que é o primeiro texto publicado no qual Nietzsche fala sobre esse assunto, deixa claro que a frase não é uma “afirmação” de Nietzsche e que ele não está “feliz” com o fato. Trata-se de um diagnóstico: um homem louco anuncia que Deus foi assassinado pela própria humanidade. Se nós lermos com atenção esse e outros textos, vamos entender que a era moderna é mesmo o tempo em que a antiga ideia de Deus (tal como ela vinha da Idade Média) entrou em decadência, substituída pelo antropocentrismo, pela ciência e pela tecnologia, que até nossos dias são expressões que beiram a religião. Com a frase, Nietzsche quer dizer que o nosso tempo é o tempo da crise dos grandes fundamentos, da crise das autoridades parentais, o tempo que ele chamou de niilista (nihil em latim significa “nada”, ou seja, não temos mais nada de absoluto). Deus é a metáfora para o que há de mais metafísico, de mais fundamental, a maior das autoridades: dizer que ele morreu é dizer que tudo perdeu o sentido. Ao fazer esse diagnóstico Nietzsche nos ajuda a entender o nosso tempo: não à toa, muitos autores contemporâneos repercutiram esse assunto e a frase ficou tão famosa.

 

 

KV – A filosofia traz em seu âmago o questionamento. Num momento onde se busca tanto o comodismo, a facilidade, o imediatismo, ainda há espaço para estimular o pensamento filosófico.

 

JO – Eu acho que a doença do nosso século é a preguiça do pensamento. E isso vem sendo cada vez mais incentivado pela tecnologia, que nos tira a necessidade de pensar: ninguém sabe mais a tabuada porque tem uma calculadora à mão; ninguém sabe o nome de ruas, porque os aplicativos te levam e te trazem a qualquer lugar, assim por diante. Além disso, essa mesma tecnologia tenta nos convencer que ela vai solucionar todos os nossos problemas e, por isso, não precisamos mais nos preocupar com nada. Nietzsche uma vez sugeriu que é em tempos de epidemias que os médicos são mais necessários: isso quer dizer que é justamente em tempos de comodismo e preguiça, que o pensamento é mais urgente. Por isso, como professor de filosofia, eu sou antes de tudo alguém que acredita na força do pensamento, na capacidade humana de exercer a sua autonomia e de desenvolver o senso crítico. Só assim o ser humano se realizará plenamente na vida. Sem isso, como sugeriu Bertrand Russell, vagaremos pela vida aprisionados a “preconceitos derivados do senso comum, das crenças habituais de nossa época e do nosso país, e das convicções que crescem no nosso espírito sem a cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada”. Sem filosofia ficamos como robôs. Só a filosofia pode nos tornar seres humanos de verdade. Mas eu acho que precisamos entender bem: a filosofia é uma atitude de vida, não é necessariamente um diploma de curso superior ou algo assim. É claro que precisamos dos autores e dos livros da história da filosofia para aprender a pensar de forma propriamente filosófica. Mas isso não basta. É preciso desenvolver a capacidade de pensar sobre o mundo que está à nossa volta, fazer conexões com o passado, planejar de forma responsável o futuro. Acho que isso está muito em falta hoje no Brasil.

 

 

KV – Ensino de Filosofia é diferente de ensinar a filosofar.

 

JO – Sim, muito diferente. Podemos saber todos os livros, conhecer os conceitos, decorar o nome dos autores e suas datas de nascimento, e mesmo assim podemos não ter aprendido a pensar de forma filosófica. O professor de filosofia geralmente ensina filosofia (e essa é a parte fácil da sua tarefa). Ele precisa, contudo, ensinar a filosofar, ou seja, a transformar as ideias encontradas nos livros em instrumentos úteis para interpretar a realidade.

 

 

KV-  Filosofar é viajar. Viajar é uma das melhores formas de adquirir conhecimento sobre si e sobre o outro. Para Montainer “Viajar é a Escola da Vida”. Realmente, viajar é tão importante.

 

JO – Eu escrevi um livro sobre esse assunto, “Filosofia da Viagem”, justamente porque acredito que a viagem é uma grande experiência. Ela nos dispõe para o estranho, ela nos retira do comodismo, ela nos coloca diante de novos desafios. Por isso Montaigne escreveu que a viagem é uma escola. Mas é preciso aprender a viajar: tem gente que viaja, porém não consegue se libertar de seus hábitos corriqueiros, de seus vícios… Daí não funciona. É preciso ter coragem para se arriscar um pouco. A viagem sempre tem uma dose de aventura. E é preciso lembrar também que há formar diferentes de viajar: ir passear no parque do teu bairro pode ser tão educativo quanto visitar um museu na Europa. Depende do quanto você está disposto para essa experiência.

 

 

KV – Por meio do programa da Maria Rafart da Rádio Transamérica você tem um grande alcance de público de várias faixas etárias, classes sociais e culturais. Como consegue atingir de forma tão intensa, mesmo por meio de temas tão complexos.

 

JO – Quando comecei a participar do programa da Maria, há uns seis anos atrás (eu acho), não achei que a coisa fosse adiante. Não sabia que a filosofia interessaria a tanta gente. Mas, logo entendi que eu estava errado. Depois de cada programa, eu passei a receber inúmeros e-mails e mensagens de gente interessada em ler o tal livro que eu tinha comentado, pedindo para eu lembrar o nome daquele autor, para eu enviar de novo aquela frase, etc. A Maria tem uma capacidade imensa de conduzir o programa de forma alegre e improvisada. Preparamos um tema e lá, com a participação dos ouvintes, as coisas caminham para um lado imprevisto. Brinco que eu queria escrever um livro sobre “as coisas que eu não disse no ar”, de tanto que eu preparei, mas não consegui falar. Acho que essa experiência (que não é só com a Filosofia, mas também com a História ou com a Antropologia que estão no Light News) comprova que a Filosofia não é um bicho de sete cabeças e que muita gente está interessada em pensar. O que fazemos lá, é claro, não é a filosofia pura da academia. O programa não é feito para meus colegas de departamento. O programa é feito para não iniciados. Nosso objetivo não é aprofundar conceitos ou debater a melhor tradução para o übermensch de Nietzsche, por exemplo. Isso a gente faz em um lugar adequado. No rádio é outra coisa. Acho que é preciso entender isso para se colocar no ar no primeiro horário da manhã e oferecer um “aperitivo” de filosofia a quem está indo para o trabalho ou levando o filho na escola. Depois disso, essas pessoas poderão comprar um livro de filosofia e quem sabe ler um pouco de Nietzsche ou de Montaigne e quem sabe até algum deles vá estudar filosofia mais a sério, como é comum acontecer. Os que já estão iniciados não precisam disso.

 

 

KV – A solidão como virtude moral em Nietzsche você descreve como ser uma “higiene pessoal”. Sentirmo-nos bem com a nossa companhia, não deveria ser algo mais natural.

 

JO – Sim, deveria. Mas o nosso tempo é o tempo das multidões. Quando a minha mãe nasceu, no final da segunda guerra mundial, havia pouco mais de 2 bilhões de habitantes no planeta e muitas das grandes cidades de hoje sequer existiam. Hoje somos mais de 7 bilhões e vivemos em cidades abarrotadas de gente. Isso muda o modo como nos comportamos no mundo. Não há lugar mais para a solidão. Ainda mais se pensarmos na tal hiper presença dos meios de comunicação, que exigem que estejamos 24h disponíveis para tudo. A solidão, por isso, se tornou necessária: a gente precisa “se limpar” da sujeira dos outros (fazemos muitas coisas porque queremos ser aceitos socialmente, usamos roupas que não tem a ver conosco, falamos gírias, adquirimos pensamentos que não são nossos – somos um povo de “ideias postiças”, como sugeriu Nietzsche). A solidão é a capacidade de tomar as rédeas de sua própria vida.

 

 

KV – Sempre há a sensação que o mundo vai acabar. Por que este pensamento nos persegue.

 

JO – O medo do fim do mundo é muito antigo. Ele esconde o medo da morte. O medo da nossa morte e da morte das pessoas que amamos. O mundo acaba só quando a gente morre. Mas há outra morte que nos amedronta e que está ligada aos desastres ambientais. Eu estou convencido de que precisamos pensar muito sobre isso, ou seja, sobre o fim do mundo que nós mesmos fabricamos quando compramos em demasia, quando geramos lixo e destruímos os recursos naturais, quando ligamos o nosso carro todos os dias, quando destruímos os ecossistemas e extinguimos a vida de outros seres vivos. Esse é o fim do mundo que deveria nos ajudar a reavaliar as nossas ações. Disso depende o nosso futuro.

 

 

KV – A amizade é algo difícil de definir em tempos de redes sociais, onde todo mundo é “amigo”. Mas, a amizade no campo filosófico é algo mais profundo. É importante haver uma ética da amizade.

 

JO – Esse foi o tema da minha tese de doutorado, uma parte da qual foi publicada no livro “Para uma ética da amizade em Friedrich Nietzsche” (Ed. 7Letras, RJ). Eu acho que a amizade, primeiro, é o nome de um sentimento e não de uma relação. Isso significa que ela é uma espécie de lubrificante para todas as outras relações. Sem amizade não há casamento, não há família… Por isso a amizade é tão importante. Nós hoje temos medo da amizade, porque ela dá trabalho: amigo chega a hora inadequada, pede coisas que nós não queríamos fazer, espera de nós coisas que nós não podemos oferecer, ele nos enfrenta, nos questiona, nos pede explicações. Amigo não é bajulador. Amigo ajuda a gente a crescer e, para isso, precisa ser questionador, precisa nos provocar. O músculo só cresce se ele for submetido à pressão, à força dos pesos. Nietzsche escreveu que a amizade tem muito de luta, de boa disputa, de enfrentamento, mas também de respeito, de coragem, de leveza e, principalmente, de alegria. Para ele, a amizade é uma “partilha de alegria”. E a alegria é uma força de afirmação da vida: o critério da amizade, por isso, é a solidão, no sentido de que precisamos estar contentes conosco mesmos a fim de se dar ao outro de forma integral. Nietzsche não acha que o amor é falta ou se trata de encontrar a metade que nos falta. Gente que é só metade não serve para a amizade. A amizade é coisa de gente inteira, de gente que gosta de si mesmo, mas gosta tanto, que está tão plena de si que quer partilhar a si mesmo com outra pessoa. Amizade é exuberância. Infelizmente os amigos das redes sociais no geral estão bem longe dessa experiência.

 

 

KV – Outro recurso muito comum nas redes sociais são as apropriações de frases e o uso fora do contexto. Como seria possível explicar este fenômeno.

 

JO – A linguagem não é só uma palavra escrita no papel. Palavras não traduzem sentimentos, gestos, olhares… Palavras são acordos pobres que fazemos para sermos compreendidos. O essencial permanece escondido, sem poder ser dito. Além disso, as palavras dizem uma coisa agora e outra daqui a pouco. Nietzsche uma vez escreveu que “palavras são bolsos nos quais guardamos ora uma coisa, ora outra coisa, ora várias coisas ao mesmo tempo”. Então veja a confusão que isso pode gerar. Precisamos aprender a lidar com as palavras e ver que elas não traduzem a verdade dos fatos como muitas vezes supomos. E sendo assim, precisamos aprender a relevar, a perdoar, a não dar ouvidos. De outro lado, isso não deve nos desobrigar de um esforço: falar adequadamente, ser bem educado, agir com polidez, não ofender ninguém, fazer um esforço para que a linguagem transmita o que realmente queremos falar (ainda que, de antemão, saibamos que isso pode não ser possível). Vejo muita gente escrevendo barbaridades nas redes sociais e lamento a falta de vergonha e o cinismo de gente que fez do xingamento uma forma de comportamento.

 

KV – Hoje se fala muito em minimalismo. Buscar a simplicidade é também uma forma de buscar a felicidade.

 

JO – Esse também foi tema de um livro recente que eu escrevi o “Elogio à Simplicidade”. Somos a sociedade do excesso. Tudo é demais. O excesso de consumo gera o excesso de descarte, o excesso de lixo, com altos custos para o meio ambiente. E o pior é que todas essas coisas não nos satisfazem. Porque no fundo o que nós precisamos não são coisas, mas experiências. As coisas podem ser apenas meios para essas experiências. O problema é que nos esquecemos disso e o comércio tenta nos convencer que a própria coisa já é uma experiência. Não me interessa o carro, mas onde ele pode me levar. Não me interessa o telefone, mas com quem ele pode me comunicar. Não me interessa o vinho, mas a alegria que ele pode me proporcionar quando eu beber com a pessoa que amo. É isso que nos falta. A simplicidade passa por aí: ela é uma capacidade de usufruir das experiências e deixar de valorizar as coisas em si mesmas. Ela depende da nossa capacidade de viver com o pouco não no sentido de vivermos na miséria, mas de vivermos com as coisas que nos proporcionam vida de verdade. Quantas coisas que temos nos impedem de viver? Compramos o carro e junto vem o carnê das prestações e lá vamos nós trabalharmos de sol a sol pra pagar o carro, o combustível do carro, o seguro do carro. E a vida sem carro, não seria melhor? Quem sabe poderíamos fazer muito mais e viver de forma muito mais intensa sem essas preocupações todas. A simplicidade, por isso, é um ideal político. Não foi à toa que o Pepe Musica causou tanto alvoroço em sua recente visita a Curitiba. Ele é um testemunho sobre o quanto a vida simples faz bem para a política: não deveria se esconder de vergonha certo deputado que faz compras milionárias, que leva sua esposa para gastar dinheiro na casa de milhões por dia, amparado pela corrupção?

 

 

KV – Aos que ainda “torcem o nariz” ao ouvir a palavra Filosofia o que você falaria a eles.

 

JO – Que a filosofia é a maior diversão do ser humano. Que pensar é a mais plena das nossas capacidades. E que não basta poder pensar, é preciso escolher o pensamento. E essa é uma tarefa cotidiana, que a gente precisa ensinar aos filhos, que a gente precisa praticar todo dia um pouco. E que isso pode não nos fazer mais felizes e pode não nos dar tanto dinheiro. Mas certamente vai nos dar a única experiência capaz de nos tornar seres humanos de verdade.

1 Comentário on A ATUALIDADE DA FILOSOFIA: entrevista com o professor Jelson Oliveira, da PUCPR

  1. Isabel Furini // 29 de julho de 2016 em 14:35 //

    Bela entrevista.

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