A ARTE TÊXTIL DE VERÔNICA FILIPAK

Trabalho de Verônica Filipak

A artista curitibana que “pinta com tecidos” vem conquistando projeção e reconhecimento por suas criações singulares: usando técnicas de feltragem, mescla tecidos para criar paisagens de sonho em formas orgânicas, delicadas, intrigantes. Alguns de seus trabalhos estão expostos em Madrid, na Espanha, e em Curitiba, a partir desta terça, na Casa Heitor Stockler. Ainda em outubro, sua arte também será exposta nos Estados Unidos

As cinco agulhas da máquina de feltragem movem-se numa velocidade incrível, atravessando os tecidos sobrepostos até nove mil vezes por minuto. Nesse ritmo, Verônica Filipak comanda o equipamento que destrói as fibras e mescla os tecidos até criar os campos de cor, as texturas e as formas desejadas. Depois, noutra máquina, a artista aplica linhas sobre a peça em tecido, utilizando técnicas de costura, criando desenhos. Esse trabalho, único no Brasil, tem chamado a atenção de galeristas, curadores e especialistas em arte têxtil no Brasil e no exterior.

“Tudo nasceu da minha paixão pelos tecidos, pela técnica no uso das máquinas e pelas infinitas possibilidades de criação”, diz a artista plástica. Formada em Design Industrial pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), ela foi descobrindo sua arte aos poucos. Nessa caminhada, trabalhou primeiro com a produção de peças em patchwork e fez especialização na Escola de Música e Belas Arte do Paraná (EMBAP) no campo de “Poéticas Visuais”. Mas a arte que fez surgir é tão exclusiva que foi difícil até encontrar orientação acadêmica.

INSPIRAÇÃO QUE VEM DA ÁGUA

O processo criativo de Verônica tem estreita relação com a água, seja nas formas, nos efeitos visuais, nas cores, no jeito fluido de criar e nos momentos de inspiração. “A água é vida e é espera. Os primeiros nove meses da existência humana acontecem dentro de uma bolsa d’água. Tudo em nossas vidas tem relação com a água e para mim isso é muito forte”, destaca a artista que trabalha num ateliê, cercada por diferentes máquinas, onde montou uma espécie de “biblioteca de tecidos” organizados em prateleiras, feito livros. Ali estão diversos tipos de seda, organza, cetim, crepe, musseline, tafetá, feltro e tecidos sintéticos das mais variadas cores e texturas, garimpados em suas viagens pelo Brasil e ao exterior. Há ainda uma profusão de diferentes tipos de linhas e outros materiais, como plásticos e resinas, usados para fundir aos tecidos.

Nas paredes do ateliê também estão algumas de suas obras. Como se fossem telas, muitos dos trabalhos de Verônica são planos. Mas, ainda assim, possuem relevos, formas e texturas que avançam para além da dimensão plana. Por isso mesmo, o desejo de tocar nas peças é inevitável. “Eu me delicio quando as pessoas me pedem para tocar. Elas percebem que é um trabalho em tecido, mas desejam entender como isso é feito. E a maneira de compreender melhor é tocando. Normalmente, nos locais de exposição, não é permitido tocar nas obras, mas quando estou junto, sempre permito”, conta Verônica que, em Curitiba, é representada pela Galeria Zilda Fraletti.

AGENDA INTERNACIONAL

Neste segundo semestre de 2019, Verônica vem cumprindo uma extensa agenda para montar e expor seus trabalhos. Ela foi a única artista brasileira selecionada na categoria Grandes Formatos Outdoor para a VIII Bienal Internacional de Arte Têxtil Contemporânea – WTA. Sua obra “Florestas de Luz para a Humanidade” estará exposta no Jardim Botânico de Madrid, na Espanha, até o dia 3 de novembro, dentro da programação da bienal.

Também em Madrid, no mesmo período, Verônica participa da exposição TraMares – Un Recorte Del Textil Brasileño, realizada no Centro Cultural Colégio Major, com a obra “Aplaudimos Até Esfolar as Mãos”, ao lado de outros 20 artistas brasileiros. Verônica foi convidada para esta mostra pelos artistas Eva Soban, Renata Meirelles e Juan Ojea, responsáveis pela concepção e curadoria.

A partir de 18 de outubro, outra obra de Verônica Filipak, batizada de “Horizontes Transversos”, vai integrar a mostra Contemporâneo – Exposição Internacional de Arte Têxtil Contemporânea, realizada no The National Quilt Museum, em Paducah, Kentucky, nos Estados Unidos. A exposição vai até 28 de janeiro de 2020 e tem curadoria de Zeca Medeiros, grande incentivador da carreira de Verônica. E em fevereiro de 2020, a arte da curitibana chega ao Pacific Northwest Quilt & Fiber Arts Museum, na cidade norte-americana de La Conner, no estado de Washington. A obra selecionada para essa exposição é “Aplaudimos Até Esfolar as Mãos”.

EXPOSIÇÃO EM CURITIBA

Nesta terça-feira, dia 15 de outubro, tem início em Curitiba a mostra A ESPERA – Fronteiras Efêmeras do Processo Artístico, que terá sete obras de Verônica Filipak: “Horizonte Infinito ou Onde Espero Transbordar”, “Horizonte Azul ou Espelho do Mar de Mim”, “Névoa I”, Névoa II”, “Apneia I”, “Apneia II” e “Desta Vez Eu Sinto”. Com curadoria de Carolina Paulovski, a exposição também conta com os trabalhos de Ana Artigas, Giovana Casagrande, Leila Alberti e Sonia Vasconcellos. Realizada no Centro Cultural Sesi Heitor Stockler de França, a exposição estará aberta à visitação até 17 de fevereiro de 2020.

Para saber mais:

veronicafilipak.art.br

http://dasartes.com/agenda/tramares-centro-cultural-colegio-major/

http://flertai.com.br/2019/09/coletiva-tramares-chega-madrid

http://madrid2019.wta-online.org/about-the-biennial/

https://mundotextilmag.com.ar/espana-sera-el-pais-sede-de-la-viii-bienal-de-arte-textil

https://quiltmuseum.org/

SERVIÇO

Mostra “A ESPERA – Fronteiras Efêmeras do Processo Artístico”

Data de Abertura: 15 de outubro, das 18h às 21h.

Período de Exibição: De 15 de outubro de 2019 a 17 de fevereiro de 2020. Local: Centro Cultural Sesi Heitor Stockler de França, situada à Avenida Marechal Floriano Peixoto, 458 – Centro – Curitiba (PR).

Horário: De terça a sexta, das 13h às 17h. Sábados, das 10h às 13h. Entrada franca.

Para outras informações, fotografias em alta resolução e solicitações de entrevistas, fazer contato com a jornalista Maria Celeste Corrêa / MC News pelo telefone (41) 9 9995-0169.

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