ENTREVISTA COM A CONSULTORA DE ARTE JULIE BELFER

JULIE BELFER é graduada pela School of the Museum of Fine Arts (Boston). Em Atenas (Grécia) trabalhou com Arte.  Trabalhou no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) como Arte-educadora,  Coordenadora de Negócios e Marketing , Relações Externas, entre outras atividades.   Acompanhou curadores como Yuko Hassegawa e Luiz Pérez-Oramas e foi assistente do artista Alex Cerveny. Julie Belfer tem se tornado referência como Consultora de Arte e professora de cursos livres para grupos fechados como o Young Presidents’ Organization. http://www.juliebelfer.com/
Katia Velo – Quando e como iniciou seu interesse por Arte?
Julie Belfer – Arte sempre fez parte da minha vida desde pequena. Minha mãe é artista plástica e lembro de sempre frequentarmos museus e exposições e também de sermos encorajados a experimentar e exercitar a criatividade.
KV – Você estudou e trabalhou com Arte em diferentes lugares como nos Estados Unidos e na Grécia. Quais são as semelhanças e diferenças ente estes dois países sobre o Mercado de Arte?
JB – Como politicamente, EUA e Grécia são quase incomparáveis. EUA é uma potência desde a 2a guerra mundial e Grécia, enquanto potência, faz parte do histórico antigo da humanidade. São completamente diferentes enquanto interesses, destaques, focos e mercados.
KV – Como você apresentou em sua palestra, na História da Arte encontramos elementos que nos demonstra a relação entre Arte e Comércio que já existe há séculos. Por que até os dias atuais esta relação comercial é tão complexa.
JB – Não sinto que hoje a relação comercial seja tão complexa. Talvez possa aparentar complexa pela falsa distância que existe entre o mundo da arte e o cotidiano das pessoas. Dito isso, acredito que um está um dentro do outro, na verdade. Não são separados e portanto, não tão diferentes.
KV – Num mercado tão subjetivo e num momento em que há um processo de produção artística tão diversificada como definir o que é bom adquirir e/ou vender?
JB – Sugiro sempre seguir uma combinação entre três validações: pessoal, artística e mercadológica. Também depende do que o colecionador quer com as compras e vendas das obras. Difícil dizer uma regra geral a ser seguida.
KV – Quais são os aspectos positivos e negativos de trabalhar com pessoas influentes politicamente?
JB – Meu trabalho de pesquisa e mediação entre arte e o público não altera se o cliente é ou não politicamente influente. Meu trabalho é distante de política.
KV – Com relação à operação Lava-Jato, várias pessoas envolvidas tinham obras de Arte. Há uma estreita relação entre lavagem de dinheiro e obras de Arte?
JB – Obras de arte estão disponíveis para compra para todas as pessoas. O que o colecionador faz com seu acervo é vai depender da responsabilidade e cidadania de cada um. Não sinto que arte tem necessariamente uma ligação com lavagem de dinheiro. O mercado vem se profissionalizando também portanto, vem diminuindo essa oportunidade.
KV – Há pessoas que não apreciadoras de Arte e sim investidoras. Não buscam colecionar Arte e sim ganhar dinheiro. Como você lida com esta situação?
JB – Existem vários motivos para comprar obras de arte. As pessoas que participam da busca, da pesquisa e da aquisição acabam criando uma relação com a obra. Arte simplesmente e somente como investimento não é o meu foco como Consultora.
KV – O Mercado de Arte entre o eixo Rio-São Paulo é muito mais expressivo do que o paranaense. Em sua opinião, o que impede o maior reconhecimento, já que temos artistas talentosos.
JB – A relação do eixo Rio – São Paulo com os outros estados do Brasil é bastante complexa e feita de várias camadas. Acredito que têm espaços e agentes com foco em produções geograficamente específicas. Ao mesmo tempo, também acredito que seja bom enxergarmos a pluralidade brasileira através de culturas, povos, descendências… Mas não necessariamente estados. Não deixaria isso ser uma medida de definição mas buscaria outras afinidades para justamente fazer parte da força do mercado de arte brasileira por vias mais conceituais.
KV – Como você analisa a sua primeira visita a Curitiba.
JB – Foi uma visita breve com uma palestra para bastante gente interessada. Embora não fizemos desta vez discussões em grupos menores, que um dia poderá ser produtivo, deu para perceber uma vontade grande e uma frustração comum a todos que estavam lá. Vieram pessoas que cumprem diferentes papéis no sistema e esse interesse é bastante válido.
Porém, não há como não ressaltar que embora a reclamação principal tenha sido a falta de aproximação entre arte e o colecionador, não houveram inscritos para a proposta prática de justamente colocar a produção e o colecionismo em exercício de aproximação.
Julie Belfer
Consultora de Arte
+55 11 98444 0434
NOVO SITE: www.juliebelfer.com

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